segunda-feira, 6 de abril de 2015

LIXÃO DO AURÁ

Lixão do Aurá estaria poluindo reservatórios


Água de poço contaminada nas áreas do entorno e ameaça concreta aos reservatórios que abastecem Belém. Esses foram alguns dos problemas apresentados ontem, na Câmara Municipal de Belém, durante a sessão especial que debateu o problema do Aterro Sanitário do Aurá, o principal destino dos resíduos da Região Metropolitana de Belém. Proposta pelo vereador Ademir Andrade (PSB), a sessão discutiu com as comunidades diretamente afetadas pelo lixão possíveis soluções para os próximos anos.

“Em funcionamento há quase 20 anos, o lixão do Aurá encontra-se saturado e não suporta mais o volume de resíduos que para lá são encaminhados diariamente de todos os municípios da RMB. Não existe mais espaço, o lixo de amontoa em montes cada vez maiores”, afirmou o vereador Carlos Augusto Barbosa, vice-presidente da Câmara.

O principal alvo das reclamações foi a Prefeitura de Belém. Segundo os moradores das comunidades presentes à sessão, na gestão de Duciomar Costa o problema do Aurá se tornou ainda maior. “O lixo agora vem sendo jogado a céu aberto em qualquer lugar”, acusou o morador Raimundo Jardel.
“Recebemos o aterro em piores condições do que ele está agora”, defendeu o secretário de Saúde de Belém, Sérgio Pimentel, representante da prefeitura na sessão, recebendo de volta uma série de protestos dos moradores da comunidade.

“Meu filho que está estudando para o vestibular teve que sair de casa porque só vivia doente”, afirmou Joselita Araújo, 53 anos, moradora da comunidade de Santana do Aurá. Segundo ela, todos os moradores da comunidade dependem da água de poço para consumo. Mas sofrem com isso. “Todos os poços estão contaminados. Tem muita gente com diarreia, mancha na pele e outras doenças”, diz ela.

O motivo seria a destruição do “cinturão verde” que delimitava a área do lixão das comunidades diretamente afetadas pelo aterro. “Desde que o prefeito colocou um motorista dele chamado Chiquinho para controlar o aterro, o lixo passou a ser jogado em qualquer lugar, sem cuidado algum”, disse Ademir Andrade.

Segundo dados apresentados por Andrade na sessão, são despejados diariamente quase mil toneladas de resíduos domiciliares no Aurá. “Se forem levados em consideração os resíduos sólidos como um todo, a quantidade sobe para mais 400 toneladas. Se analisarmos toda a RMB, o valor chega a duas mil toneladas”, disse ele.

Ainda segundo o vereador, há denúncias de que a Prefeitura de Belém despeja indevidamente o chorume nos igarapés que dão acesso ao Lago Bolonha para minimizar os efeitos da poluição causada pelo lixão. O secretário Sérgio Pimentel negou a acusação.

O secretário apresentou como solução ao problema a ideia de um consórcio envolvendo todas as prefeituras da RMB e do Governo do Estado, “que não se inclui na discussão”. Pimentel foi questionado pelo fato de a prefeitura de Belém não ter tomado nenhuma atitude em relação à formação desse consórcio.

Sobre a possibilidade de mudança de local para destinação do lixo, o secretário municipal de Meio Ambiente de Ananindeua, Fellipe Burlamaqui foi taxativo. Não há mais locais para o lixo. “Em Marituba, Ananindeua e Benevides não existem áreas disponíveis para um aterro”, afirmou.

O vice-presidente da Câmara afirmou que as propostas e reclamações apresentadas durante a sessão serão encaminhadas à Prefeitura de Belém e que uma gravação da sessão será enviada ao Ministério Público Estadual. (Diário do Pará)

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